Terminou quase duas horas da manhã desta sexta-feira o último debate entre os candidatos a presidente da República, promovido pela Rede Globo. Em mais de três horas de confronto, prevaleceu a baixaria, a troca de acusações e muito pouca proposta para governar o país. Foram convidados sete candidatos: Ciro Gomes (PDT), Felipe d’Ávila (Novo), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Padre Kelmon (PTB), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).
Líder nas pesquisas eleitorais, Lula foi o alvo da maioria dos candidatos, como Bolsonaro, Ciro, Kelmon e d’Ávila. O primeiro bloco abriu com Ciro questionando Lula sobre os erros do seu governo e o tom já subiu. O atual presidente evitou perguntar diretamente para Lula, mas, em cada questionamento a outros concorrentes, aproveitou para fazer acusações. Acabou que o primeiro bloco se resumiu em pedidos de direito de resposta entre presidente e ex-presidente e com acusações de quem errou mais. Enquanto isso, os demais candidatos não conseguiam participar do embate. Bolsonaro chamou o petista de “ex-presidário” por mais de uma vez, e Lula, o chamou de mentiroso em mais de um momento também.Auxiliar do presidente, Padre Kelmon fez as perguntas mais embaraçosas e até em tom de baixo nível a Lula. Os dois protagonizaram o momento mais tenso do embate com um bate-boca sem fim, que o mediador, o jornalista William Bonner, ameaçou pedir o intervalo se ambos não se acalmassem. Na verdade, o petista fez o que Bolsonaro queria: entrou no jogo de Kelmon e se descontrolou. – Eu peço desculpas ao público da cena que está se desenrolando aqui – disse Bonner ao telespectador, sobre o bate-boca.
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Ao longo das mais três horas, muito pouca proposta foi apresentada, mesmo quando os questionamentos tinham temas definidos, entre eles educação, segurança, gastos públicos, as manifestações enveredavam para a baixaria. O confronto em nada parecia com um debate em que o que está em jogo é o futuro do Brasil e a escolha do seu governante. Em certo momento, Felipe d’Ávila classificou de “briga de botequim”. Mas poderia ser clima de briga de rua.Entre os sete candidatos, quem conseguiu ter uma melhor performance e sobreviver o tiroteio foi Simone Tebet, que conseguiu apresentar alguma proposta, embora sem muita profundidade, e criticou o governo Lula e Bolsonaro, mas sem entrar na baixaria. Ao final, o debate pouco acrescentou parao eleitor que está indeciso. E quem fez a melhor opção foi o cidadão que optou por dormir para acordar cedo e enfrentar mais um trabalho. Se poupou de um espetáculo deprimente.
Farpas lá e cá
“Mentiroso, ex-presidiário, traidor da Pátria. Tome vergonha na cara, Lula! Que rachadinha? Rachadinha é teus filhos roubando milhões de empresas, após a tua chegada ao poder. Que CPI é essa? Da farsa? Que você vem defender aqui. O que achou a meu respeito? Nada! ”“Eu acabei com a mamata, em especial da grande mídia, a Rede Globo foi uma que eu acabei com a mamata.”“O orçamento secreto é do parlamento. Eu não tenho ascendência sobre o orçamento secreto.”
Jair Bolsonaro, candidato do PL
Ele falar que eu montei quadrilha? Com a quadrilha da rachadinha dele, que ele decretou sigilo de 100 anos, com a rachadinha da família, sabe, do Ministério da Educação, com barras de ouro? Ele falar de quadrilha comigo?Você (Bolsonaro) quando vier no microfone, você se comporte como presidente.”“O povo brasileiro está cansado de gente de sua espécie (padre Kelmon).”
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT
“O cabo eleitoral que está colocando Lula na primeira fila é Bolsonaro”“Não tem proposta (no debate), só tem xingamentos”.
Soraya Thronicke, candidata do União Brasil
“É impressionante! Mente tanto (Bolsonaro) que acredita na própria mentira.”
Simone Tebet, candidata do MDB
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